O "pão dos descobridores" seria bem peculiar e adaptado à Idade Média: “tinha a forma de disco e, sendo habitualmente usado como recipiente de comidas (prato), era consumido após as refeições.” (Rosemeire Bertolini Lorimer, tese, intitulada: “O impacto dos primeiros séculos de história da América portuguesa na formação da brasilidade alimentar”).
No Brasil, o consumo de pão, tal como o conhecemos na Europa, só se popularizou depois do século XIX. Até então, o indígena brasileiro continuava a consumir, em grandes quantidades, a farinha de mandioca e o biju, apesar de já conhecer o pão de trigo desde a chegada dos colonizadores portugueses. Vigorava a prevalência da tradição indígena no aporte diário de hidratos de carbono.
Todavia, o trigo deve ter sido uma das primeiras tentativas de cultivo – no quadro de uma agricultura de subsistência - dos colonizadores portugueses. Martim Afonso de Sousa no início da colonização (séc. XVI) terá trazido as primeiras sementes deste cereal, antecipando-se à maior parte dos territórios da América do Sul.
O local escolhido para estas plantações foi a antiga capitania de São Vicente, outorgada a Martim de Sousa por D. João III (territórios do actual Estado de São Paulo). Mais tarde os trigais espalham-se por todo o Brasil e, inclusivé, alcançaram o nordeste brasileiro. O trigo foi plantado em Garanhuns (Pernambuco), Teixeiras (Paraíba), Meruoca (Ceára), chegando até a Ilha de Marajó, no Pará. Mais tarde, desenvolveu-se também em Minas Gerais e Goiás.
No século XVIII, com a chegada de colonos açorianos, o cultivo desse cereal teve um enorme incremento chegando, esta colónia, a exportar grandes quantidades de trigo para Portugal.