Sunday, February 4, 2007

PÃO DO BRASIL (5)


No período colonial, a farinha de mandioca era utilizada na alimentação dos escravos, dos criados das fazendas e dos engenhos de açucar, além de servir também como suprimento de viagens e expedições para os colonos portugueses (farnel de viajantes).
A “casa da farinha” ajudou a fixar o homem à terra, já que sendo a farinha um alimento indispensável à sua sobrevivência, foi um preciso instrumento no combate aos ciclos de fome que periodicamente grassavam nos territórios indígenas.
Como rezam as crónicas do descobrimento do Brasil (Carta de Pero Vaz de Caminha) relativas aos primeiros contactos dos navegadores com os indígenas existiam dispares conceitos alimentares:
Deram-lhes ali de comer: pão e peixe cozido, confeitos, fartéis, mel, figos passados. Não quiseram comer daquilo quase nada; e se provavam alguma coisa, logo a lançavam fora.”
Significativo é, entre os alimentos ofertados aos índios, figurar o pão. Todavia, o pão poderá, também, ter "entrado" no Brasil a reboque da colonização origem judaica (cristãos-novos) portuguesa. Alguns textos mencionam as seguintes práticas e cerimónias judaicas que deveriam ser confessadas ou denunciadas:
Observância do Sábado de acordo com a tradição judaica; matança de aves e animais de acordo com a tradição judaica; não comer carne de certos animais e peixes; observância dos dias de jejum judaicos; celebração dos dias de festa judaicos; recitação de preces judaicas; recitação dos Salmos da Penitência, omitindo o Gloria Patri, et Filio, et Espiritu Sancto; o tratamento, sepultamento dos cadáveres e o luto segundo o costume judaico; colocar ferro, ou pão, ou vinho, em jarros ou cântaros na véspera de S. João e na noite do Natal, para simbolizar a crença de que nessas ocasiões a água se transformava em vinho; a bênção das crianças, de acordo com a tradição judaica; circuncidar os meninos e atribuir-lhes, em segredo, nomes judaicos; raspagem do óleo e do crisma após o batismo da criança.” (trecho da Carta Monitoria para a cidade da Bahia publicada pelo visitador Heitor F. Mendonça
). Como é óbvio, neste texto as referências dizem respeito ao pão ázimo, isto é, sem fermento.

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