PÃO DO BRASIL (2)
Primeiro, às primitivas fontes de hidratos de carbono nativas (indígenas) e, de seguida, ao papel dos portugueses na indústria de panificação no Brasil (largamente tratado no texto de Edilza Fontes).Nós, que nos reclamamos como oriundos da chamada civilização ocidental (judaico-cristã), temos – desde há séculos - como referência, a hegemonia dos cereais (o trigo, o centeio, mais recentemente, o milho) como fontes de hidratos de carbono, indispensáveis à alimentação humana.
Pensamos, erradamente, que não há vida sem pão. Consideramo-nos o cerne do Mundo e frequentemente esquecemos o Oriente onde o arroz suprime plenamente e, ao que mostra a História, com eficácia, as necessidades nutritivas quotidianas (3/4 de amido, 7 % de proteínas, etc.) do homem. Não sabemos, com rigor, onde “nasceu” o arroz. No Oriente com certeza. Será originário da Índia ou da China? Todavia, sabemos que, por volta de 2.800 anos a.C., seria a planta sagrada dos imperadores da China.
Do Oriente, o arroz espalhou-se para outras regiões do Mundo e hoje alimenta mais da metade da Humanidade.
Para além disso, o arroz carrega uma imensa simbologia e está presente em muitos rituais orientais sendo costume, por exemplo, oferecê-lo aos mortos. É tradição colocar uma tigela de arroz cozido e um par de pauzinhos (fachis) espetados na posição vertical aos pés dos mortos, para que eles possam alimentar-se na sua pressuposta viagem para o além...
Nos dias de hoje, no Ocidente, o arroz está presente nas cerimónias matrimoniais, sendo lançado cru sobre os nubentes, como símbolo de fertilidade. Será esta tradição importada pelo período do "orientalismo" que, durante muito tempo, tanto nos influenciou?
Raramente, pensamos no “Novo Mundo”. Quando o Ocidente nas suas andanças expansionistas (da fé, do ouro ou das especiarias – como se queira) aporta às supostas “Índias Ocidentais” encontra aquilo, a que, historicamente, se convencionou chamar as "civilizações “pré-colombianas”. Na verdade não há civilizações pré-colombianas mas “civilizações da América pré-colombiana” ou, pura e simplesmente, "civilizações indígenas" (várias). Rapidamente estas civilizações são identificadas como maias, aztecas ou incas, deixando de lado muitas outras, que influenciaram a América Andina como, por exemplo, a civilização mochica que, vivendo na costa norte do Peru entre 50 e 600 d.C , desapareceu misteriosamente. O povo mochica é inovador na organização político-social, consolidando um Estado com o poder centralizado nas mãos de uma nobreza guerreira. Esta organização político-social e militar será, posteriormente, uma indelével, mas não original, marca dos incas.
2 comments:
(...) fui obrigada a criar uma conta para te escrver. de novo, digo-te: já cá estou. para ficar. e quero mais. mais imagens e palavras de pão e além pão. para meu sustento.
um beijo. Andrea
Palavras para quê!
Um artista de provecta idade.
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